terça-feira, 5 de setembro de 2017

Artigo: O Programa Espacial para 2020

O Nortão
Mário Eugênio Saturno
1 de setembro de 2017

SCD-1 - Foto: INPE

O Programa Espacial Brasileiro tem muitos erros estratégicos, a começar com os baixos investimentos. Mas algumas oportunidades se abrem a nós como presentes divinos a um escolhido. Como, por exemplo, o projeto Equars que se receber um pequeno investimento pode dar aos cientistas brasileiros a oportunidade de serem os primeiros a fazer ciência na Anomalia Magnética.
 
Para analisar este contexto, é preciso lembrar que já expus em artigo anterior, o “Argentina 12 x 1Brasil” em que mostro que a Argentina investe 1,2 bilhão de dólares por ano em média na área espacial, enquanto o Brasil investe apenas cem milhões, 12 vezes. Aquele país já fez diversos satélites, e impressiona os dois geoestacionários de comunicação (ARSAT) lançados e mais um com investimento da Huges. Também impressiona fazerem dois satélites radar, o SAOCOM, em banda L, como sonham os cientistas do INPE para observar a Amazônia através das nuvens.
 
Também vimos como o CBERS, um programa de sensoriamento com a China, prejudica o Brasil. E também as imagens geradas de baixa resolução que tem que ser dadas gratuitamente.
 
O Brasil ainda teve outras cooperações, participou do Aqua da NASA, com pouco aproveitamento por falta de preparo dos cientistas brasileiros. E também com a ISS, Estação Espacial Internacional, mas rompeu por desinteresse do governo Lula. O governo Lula também foi responsável pelo acordo malfadado com a Ucrânia, a ACS, que consumiu mais de quinhentos milhões de reais e produziu nada!
 
O acidente na Base Espacial de Alcântara colocou o projeto do foguete brasileiro na geladeira, paralisando essa concepção de projeto. A ACS foi a pá de cal. Agora, sem ACS, o Brasil não mostra que sabe o que fazer com o foguete nacional.
 
Enquanto isso, a Argentina continua com o seu programa bem sucedido e reiniciado apenas dez anos atrás. A promessa é que o foguete “El Tronador” esteja operacional nos próximos anos e apto a colocar em órbita baixa satélites de 250 kg.
 
O INPE, no ano passado, ressuscitou o projeto do satélite científico EQUARS, para monitoramento global da atmosfera na região equatorial. Ele tem vários instrumentos para medir os processos dinâmicos e fotoquímicos e os mecanismos de transporte de energia entre a baixa, média e alta atmosfera e ionosfera. A ênfase do estudo é a Anomalia Magnética do Atlântico Sul, anomalia que ficou famosa por desativar os computadores do Telescópio Hubble, toda vez que ele passava sobre o Brasil.
 
Esse estudo é importante também porque os fenômenos solares são capazes de causar interferências em sistemas como o GPS, além de induzir correntes elétricas em transformadores de linhas de transmissão de energia e afetar a proteção de dutos para transporte de óleo e gás. Ou seja, muito importante para o Brasil.
 
Por questões de economia, espera-se lançar este satélite como carona. Se o Brasil aplicar dez milhões de dólares em um lançamento próprio, podemos colocar o EQUARS em uma órbita atravessando a Anomalia Magnética o que dará aos cientistas brasileiros a oportunidade única de desenvolver Ciência que ainda ninguém fez. Essa é a hora em que os políticos brasileiros devem escolher que tipo de nação é o Brasil!
 
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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