sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Brasil registra 78 milhões de raios por ano, informa Inpe

INPE, 28 de setembro de 2017

Entre os últimos seis anos, 2012 foi o que teve maior incidência de raios

 
Nos últimos seis anos, o Brasil registrou uma média de 77,8 milhões de raios por ano, diz levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os novos dados apontam que 2012 foi o ano com maior incidência de raios, registrando 94,3 milhões, devido ao fenômeno La Niña, na região norte do país.
Em 2013, foram 92 milhões, em 2014 foram 62,9 milhões e em 2015, 68,6 milhões de raios, ano em que houve um acréscimo devido ao El Niño, responsável pelo aumento dos raios nas regiões Sul e parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Para 2017, a previsão é de uma incidência de raios dentro da média histórica. A estimativa é feita a partir das temperaturas dos oceanos Atlântico e Pacífico - Sul, Equatorial e Norte.
Estados e municípios
O estudo mostrou que o estado com maior densidade de raios (quantidade de raios por quilômetro quadrado por ano) é o Tocantins, com 17,1 raios por quilômetro quadrado. Na sequência aparecem Amazonas (15,8), Acre (15,8), Maranhão (13,3), Pará (12,4), Rondônia (11,4), Mato Grosso (11,1), Roraima (7,9), Piauí (7,7) e São Paulo (5,2).
ranking das cinco primeiras capitais com maior densidade de raios por quilômetro quadrado por ano é: Rio Branco (30,13) Palmas (19,21), Manaus (18,93), São Luís (15,12), Belém (14,47) e São Paulo (13,26).
Mortes
Entre 2000 e 2014, foram registradas 1.792 mortes por descargas elétricas, uma média de 120 vítimas anualmente.
A maior parte das mortes ocorre na Região Sudeste (28%) e as outras quatro regiões estão empatadas com 18% cada. São Paulo é o estado com maior número de vítimas, seguido por Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.
O Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Inpe concluiu que 43% das mortes acontecem durante o verão e que, a cada três mortes, duas ocorrem ao ar livre. Além disso, a probabilidade de um homem morrer ao ser atingido por um raio é quase 4,5 vezes maior do que uma mulher. Entre os mortos, 82% eram do sexo masculino. A cada 50 mortes por raio no mundo, uma ocorre no Brasil.
O relatório do Inpe mostrou ainda que as atividades rurais, exercidas por pessoas que recolhiam animais ou se ocupavam de plantações com enxadas, pás e facões, representam 25% das mortes por raio no país. As fatalidades dentro de casa estão em segundo lugar e representam 17%, seguidas de situações em que a vítima estava próxima a um veículo (11%), cujas estruturas metálicas elevam a chance de receber descarga, e embaixo de árvores (8%).
Apesar do perigo de se estar próximo a veículos em tempestades, o Inpe lembra que se refugiar dentro de um automóvel é seguro, desde que não seja conversível.
Levantamento anterior feito pelo Inpe, com informações sobre mortes por raios entre 2000 e 2009, apontou que a maioria das vítimas atingidas em casa estava falando ao telefone com fio, descalça em chão de terra batida ou ainda próxima a antenas, lâmpadas, geladeiras, janelas e televisores.
De acordo com o Inpe, a chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é muito baixa, sendo menor do que 1 para 1 milhão. No entanto, se a pessoa estiver numa área descampada embaixo de uma tempestade forte, esta chance pode aumentar em até 1 para mil.
Em geral, as mortes e os ferimentos provocados por raios não ocorrem em situações em que as pessoas são atingidas diretamente, e sim pelos efeitos indiretos das descargas elétricas. A corrente do raio pode causar queimaduras, por exemplo, e a maioria das mortes é causada por parada cardíaca e respiratória. Grande parte dos sobreviventes sofre sequelas psicológicas e orgânicas por longo tempo.
Proteção pessoal
Entre os cuidados que as pessoas devem ter durante as tempestades estão: evitar sair às ruas, refugiar-se em prédios com para-raios ou em abrigos subterrâneos como metrôs ou túneis, evitar usar telefones com fio ou ligados à tomada, ficar longe de tomadas, janelas metálicas e aparelhos ligados à rede elétrica, evitar topos de morros ou prédios e áreas descampadas como campos de futebol e evitar ficar próximo a árvores isoladas.
Se a pessoa estiver em um local sem abrigo próximo e sentir os pelos arrepiados ou coceiras na pele, pode ser indicativo de que um raio está prestes a cair. Neste caso, deve se ajoelhar e se curvar para frente, colocando as mãos nos joelhos e a cabeça entre as pernas. Jamais deve deitar no chão.

Etanol de segunda geração poderá ser economicamente viável a partir de 2025

Agência Fapesp, 28 de setembro de 2017
O desafio é transpor as atuais barreiras agrícolas, industriais e tecnológicas, aponta pesquisador do CTBE
O etanol celulósico, obtido da palha e do bagaço da cana-de-açúcar e também conhecido como etanol de segunda geração (2G), poderá ser economicamente viável a partir de 2025 se forem transpostas as atuais barreiras agrícolas, industriais e tecnológicas para produzi-lo e se o setor sucroenergético brasileiro superar a estagnação em que se encontra.
A avaliação é do pesquisador Antonio Bonomi, coordenador da divisão de inteligência de processos do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), do Centro Nacional de Pesquisa em Engenharia e Materiais (CNPEM), e membro da coordenação do Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (Bioen).
“Hoje claramente é mais interessante do ponto de vista econômico para as empresas do setor sucroenergético montar uma nova usina voltada à produção de etanol de primeira geração do que construir uma usina de etanol de segunda geração integrada a uma de primeira geração, por exemplo, porque o retorno do investimento é maior”, comparou Bonomi.
“A tendência, contudo, é que em médio prazo – em 2025 – o custo de produção do etanol celulósico empate com o de primeira geração e a partir de 2030 o etanol de segunda geração seja mais barato do que o de primeira. Isso se forem superados os atuais obstáculos agrícolas, industriais e tecnológicos e se o setor sair da estagnação em que se encontra”, ponderou.
Os biocombustíveis de segunda geração serão um dos temas discutidos no Brazilian BioEnergy Science and Technology Conference (BBEST) 2017, evento promovido pelo BIOEN, que ocorrerá entre os dias 17 e 19 de outubro, em Campos do Jordão.
De acordo com Bonomi, que coordena um projeto apoiado pela Fapesp voltado à valorização da cadeia produtiva descentralizada de biomassa para produção de biocombustíveis avançados, o volume de etanol de segunda geração produzido hoje no Brasil é muito baixo.
A capacidade de produção das duas usinas voltadas à produção de etanol de segunda geração existentes hoje – uma da Granbio, localizada em São Miguel dos Campos, em Alagoas, inaugurada em 2014, e a outra da Raízen, situada em Piracicaba, no interior de São Paulo, que entrou em operação no final de 2014 – é de pouco mais de 100 milhões de litros por ano. Entretanto, as duas usinas têm produzido menos da metade dessa capacidade, estima o pesquisador.
“As duas usinas têm produção descontínua e estão em fase de aprendizado de produção, utilizando equipamentos ainda pouco eficientes e processos que ainda apresentam problemas que estão sendo identificados para, pouco a pouco, serem resolvidos”, avaliou.
O custo estimado de produção do etanol de segunda geração calculado pelos pesquisadores em julho de 2014 gira em torno de R$ 1,50 por litro, enquanto o custo de etanol de primeira geração é de, aproximadamente, R$ 1,15.
Até 2025, entretanto, o custo do etanol de segunda geração poderá cair para R$ 0,75 por litro, podendo chegar, até 2030, a R$ 0,52, calculou o pesquisador. Em parceria com colegas do CTBE, ele realizou um estudo, a pedido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em que se projetou a evolução do custo de produção do etanol celulósico e a data em que a tecnologia se tornaria economicamente viável no Brasil.
“Ao custo de produção de R$ 0,52 por litro, o etanol de segunda geração seria competitivo mesmo se o preço internacional do barril de petróleo atingisse o mínimo de US$ 44 por litro”, estimou o pesquisador.
Diferentes cenários
Para chegar a esses valores, os pesquisadores realizaram um levantamento inicial junto a 22 empresas e especialistas do setor de etanol e realizaram simulações computacionais na Biorrefinaria Virtual de Cana-de-Açúcar (BVC) – uma ferramenta de simulação computacional desenvolvida pelo CTBE que possibilita avaliar a integração de novas tecnologias à cadeia produtiva de cana-de-açúcar e de outras biomassas nas fases agrícola, industrial e comercial.
As simulações foram feitas com base em diferentes cenários tecnológicos em curto prazo (de 2015 a 2020), médio prazo (de 2021 a 2025) e longo prazo (de 2026 a 2030).
Um dos cenários representa a média atual de produção de etanol hoje – principalmente da região Centro-Sul do País –, contemplando uma planta de etanol de primeira geração com capacidade de processamento de 2 milhões de toneladas de cana durante a safra, com tecnologia básica e sem integração energética.
Os demais cenários são baseados no processamento de, pelo menos, 4 milhões de toneladas de cana, com tecnologia moderna, e abrangem tanto a produção de etanol de primeira geração exclusivamente, como também a de primeira geração integrada à segunda e a de segunda geração independente.
Os pesquisadores consideraram duas rotas tecnológicas para produção de etanol de segunda geração, sendo a primeira por meio da fermentação separada de açúcares de cinco carbonos (xilose) e a segunda pela cofermentação dos açúcares de cinco e seis carbonos (glicose).
Os resultados das simulações indicaram que, na parte agrícola, um dos entraves para tornar o etanol celulósico economicamente viável é o custo da biomassa, que é alto.
“O custo da biomassa representa um entrave não só para a produção de etanol de segunda geração, mas também para o de primeira”, disse Bonomi.
Outros obstáculos são a falta de um sistema agrícola e industrial projetado para fazer o uso integral da cana, considerando também a palha, e de uma alternativa à cana no período de entressafra que possibilite a uma usina operar ao longo de 300 a 330 dias por ano, contra a atual média anual de 200 a 240 dias.
“A ‘cana-energia’ [variedade de cana obtida a partir do cruzamento das espécies Saccharum officinarum e Saccharum spontaneum, que apresenta maior teor de fibras e menos açúcares em comparação com a cana convencional] pode ajudar nesse sentido porque apresenta algumas características interessantes”, afirmou o pesquisador.
Uma delas é que essas variedades de cana que têm sido desenvolvidas por empresas como a GranBio e a Vignis e por instituições como o Instituto Agronômico (IAC) não necessitam de estresse hídrico para aumentar seu teor de açúcar. Além disso, poderiam ser coletadas também ao longo da estação úmida, explicou Bonomi.
Já na área industrial, um dos principais obstáculos para viabilizar economicamente o etanol de segunda geração é diminuir o custo de capital – os equipamentos necessários para produção, que ainda são altos, apontou o pesquisador.
“Esse é um problema que, provavelmente, a curva de aprendizado do processo vai resolver. A primeira planta normalmente sempre é mais cara, porque ainda não há fabricantes de equipamentos adequados para a produção”, ponderou Bonomi.
E na parte tecnológica um dos principais problemas é o pré-tratamento da biomassa – com o objetivo de separar a lignina da celulose e da hemicelulose – para adequá-la ao processo de hidrólise, em que a celulose e a hemicelulose são convertidas em açúcares fermentescíveis para produzir o etanol de segunda geração.
“Essa etapa, de preparação do material lignocelulósico para permitir a atuação das enzimas que fazem a quebra dos polímeros presentes no material lignocelulósico [a celulose e a hemicelulose], não é totalmente conhecida e ainda estão em desenvolvimento os equipamentos necessários para fazer isso, que são caros”, explicou Bonomi.
Um outro problema é o tempo necessário para o processo de hidrólise, que hoje é demorado. Por essa razão, o custo de armazenamento em tanques necessários para realizá-lo e o risco de contaminação são altos.
“Isso acaba exigindo que a capacidade de produção das usinas de etanol de segunda geração seja dimensionada com uma escala maior para poder compensar perdas que possam ocorrer por eventuais contaminações no processo”, disse Bonomi.
Um terceiro gargalo tecnológico está no processo de fermentação das pentoses – os açúcares resultantes da quebra (hidrólise) da hemicelulose, apontou o pesquisador.
Enquanto a quebra da celulose resulta em glicose – que é um açúcar facilmente fermentescível a etanol –, a da hemicelulose produz açúcares de cinco carbonos (pentoses), que os microrganismos (leveduras) existentes hoje não conseguem metabolizá-los facilmente para produzir o etanol de segunda geração. Por isso, a velocidade de produção de etanol de segunda geração a partir da hemicelulose é baixa.
“Hoje é possível produzir etanol de segunda geração em grande escala a partir do hidrolisado de celulose. Já a produção a partir do hidrolisado de hemicelulose ainda está em desenvolvimento, e o próprio CTBE acabou de desenvolver uma levedura modificada capaz de produzir etanol a partir das pentoses”, disse Bonomi.
“Os avanços esperados nessas áreas agrícola, industrial e tecnológica devem fazer com que o etanol de segunda geração se torne mais barato que o de primeira”, afirmou.
Rotas tecnológicas
As duas usinas de etanol de segunda geração existentes no Brasil hoje adotaram diferentes rotas tecnológicas.
Enquanto a GranBio se baseou em uma rota tecnológica chamada stand alone – caracterizada por uma usina dedicada exclusivamente à produção de etanol de segunda geração, sem ser integrada a outra de primeira geração –, a Raízen (joint venture entre a Shell e a Cosan) optou por construir uma usina integrada.
Uma vantagem que o processo tecnológico adotado pela Raízen apresenta em relação à GranBio é a possibilidade de fermentar pelo menos o hidrolisado de celulose junto com a sacarose do caldo de cana para obter etanol de segunda geração, comparou Bonomi.
“Enquanto a GranBio tem uma tendência de transformar em etanol a mistura do hidrolisado de celulose com o hidrolisado de hemicelulose – ou seja, a combinação dos açúcares C6 [da fração celulósica] da glicose e das pentoses –, a tecnologia da Raízen tem mais um processo de fermentação do C6 junto com a sacarose, enquanto as pentoses podem ser fermentadas isoladamente na produção de etanol”, disse o pesquisador.
As duas usinas, contudo, têm enfrentado desafios tecnológicos para produzir o etanol de segunda geração, principalmente na fase de pré-tratamento do material, apontou o pesquisador.
Em nota ao Broadcast – o serviço em tempo real do Grupo Estado – no início de junho, a GranBio admitiu ter mudado o cronograma de investimentos e metas de produção de etanol celulósico por conta de problemas tecnológicos relacionados ao pré-tratamento e pela crise econômica. Mas que espera ter, em 2019, um etanol de segunda geração competitivo como o fabricado a partir da cana.
Consultada pela Agência Fapesp, a Raízen respondeu em nota que um dos pontos-chave para o sucesso que tem obtido com a produção de etanol de segunda geração na usina Costa Pinto, em Piracicaba, é justamente a integração da planta de segunda geração à de primeira geração, que proporciona consideráveis benefícios logísticos.
“A companhia aposta nessa tecnologia disruptiva e acredita que os desafios tecnológicos já foram superados. No momento estamos buscando a confiabilidade mecânica dos equipamentos e um nível satisfatório de excelência da planta como um todo”, disse a empresa em nota.
O estudo De promessa a realidade: como o etanol celulósico pode revolucionar a indústria da cana-de-açúcar: uma avaliação do potencial competitivo e sugestões de política pública, de Bonomi e outros, pode ser acessado em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/4283.

Brasil envia proposta para EUA lançarem foguetes na Base de Alcântara

Governo enviou há dois meses documento aos americanos; outros países poderiam usar estrutura no Maranhão
O Brasil enviou ao governo dos Estados Unidos uma proposta de acordo para permitir a utilização da Base de Alcântara, no Maranhão, para lançamento de satélites americanos e de outras nações que utilizam tecnologia do País. O documento está sob análise do Departamento de Estado há dois meses.
Leia na íntegra: O Estado de S. Paulo
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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

AEB INVESTE EM PROJETO QUE AUMENTA VIDA ÚTIL DE SATÉLITES E NAVES ESPACIAIS

AEB, 21 de setembro de 2017
AEB investe em projeto que aumenta vida útil de satélites e naves espaciais









Uma parceria entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Universidade de Brasília (Unb), por meio do programa Uniespaço, vai impulsionar nos próximos anos a área espacial brasileira. Trata-se do desenvolvimento de pesquisas de propulsores a plasma tipo Hall, que entre diversas funcionalidades, otimizam e aumentam a vida útil de satélites geoestacionários e naves espaciais.
As pesquisas são desenvolvidas no Laboratório de Física de Plasmas da UnB e os resultados aplicados no projeto científico voltado para a realização de trabalhos técnicos de professores e estudantes. O projeto tem o objetivo de integrar o setor universitário às metas do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), a fim de atender à demanda tecnológica do setor no desenvolvimento de produtos e processos, análises e estudos, para formar uma base sólida de pesquisa capazes de executar projetos de interesse da área espacial.
Precursor em universidades brasileiras, o LFP estuda também as aplicações dos plasmas para o aprimoramento de tecnologias ambientais, novos materiais, nanotecnologia e pesquisas relacionadas com a fusão termonuclear controlada.
De acordo com o coordenador do projeto, José Leonardo Ferreira, professor de Física da UnB, o estudo da propulsão espacial com plasmas é essencial para o aperfeiçoamento de missões espaciais de longa duração. O estudo da propulsão elétrica muito nos últimos 20 anos com a aplicação desses propulsores no controle de satélites de órbita baixa, média e geoestacionária, bem como de veículos espaciais em missões no sistema solar. Ele ressaltou ainda, que a expectativa é que a tecnologia de propulsores a plasma seja utilizada em missões tripuladas a Marte a partir de 2050.
Componente 
O plasma é um gás ionizado composto por igual número de elétrons e de íons também conhecido como o quarto estado da matéria. Ele possui as mais altas temperaturas é o componente principal das estrelas, nebulosas e galáxias e por isso constitui 99% da matéria do universo visível.
Segundo o professor Leonardo, na Terra o plasma precisa de condições especiais para ser produzido, por isso o desenvolvimento e teste de propulsores a plasma precisarem de recipientes a vácuo e de equipamentos especiais para produção de forma controlada.
Desenvolvido com a colaboração de pesquisadores da Rede Brasileira de Propulsão Elétrica, participam do projeto pesquisadores dos Laboratórios Associados de Plasma e de Combustão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Faculdades de Tecnologia da UnB (FT e FGA) com destaque para os laboratórios de propulsão Aeroespacial do recém-criado curso de Engenharia Aeroespacial da UnB.
Investimento
Para realizar pesquisas e testes dos propulsores a plasma no laboratório da UnB, a Agência Espacial investiu na instalação de equipamentos adequados e de uma nova câmara de vácuo, adquirida em janeiro de 2017. O equipamento deve contribuir em breve para a realização das pesquisas desenvolvidas por alunos dos cursos de Física e Engenharia, e também para realização de trabalhos de iniciação científica, estágios, mestrado e doutorado.
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Foto: Nova câmara de vácuo instalada no LFP.
O laboratório desenvolve propulsores a plasma do tipo Hall designados como Phall.  Já foram desenvolvidos os modelos Phall I Phall IIa, IIb e IIc. Eles possuem em comum um arranjo de imãs permanentes posicionados em um canal com geometria cilíndrica. A posição dos imãs e as dimensões do canal da corrente Hall são calculados a partir de simulação computacional para obter as características do plasma e dos campos magnéticos com maior eficiência do propulsor. O campo magnético obtido a partir de imãs permanentes produz uma substancial economia na potência elétrica do propulsor.
O Phall IIc é o propulsor que está sendo aperfeiçoado hoje na UnB. Um dos principais objetivos imediatos do projeto é tornar o Phall mais compacto para testá-lo no espaço em pequenos satélites, com potência inferior a 100 watts.
“Esperamos que no futuro seja possível desenvolver e testar propulsores a plasma do tipo Hall mais potentes que possam vir a serem utilizados em missões espaciais brasileiras a lua ou mesmo a planetas e pequenos corpos do sistema solar.
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Foto: Propulsor Phall montado na câmara de vácuo para testes e diagnósticos de plasma.
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Foto: Propulsor Phall em funcionamento no interior da câmara de vácuo.
José Leonardo ressaltou ainda que o LFP tem participado de forma ativa nas ações propostas para o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro contribuindo com novas e desafiadoras missões espaciais, como por exemplo, a Missão ASTER (Missão a um asteroide triplo próximo utilizando propulsão elétrica), proposta para a AEB alavancar a primeira missão brasileira de espaço profundo.
A propulsão elétrica foi testada no espaço pela primeira vez na década de 1960, no lançamento dos satélites SERT I e II, ambos operados pela Agência Espacial Norte Americana (Nasa). Desde a época, missões espaciais que utilizam essa tecnologia têm como principal objetivo controlar altitude e órbita de satélites geoestacionários. A participação de empresas na área é cada vez maior, uma vez que esta tecnologia contribui significativamente para o aumento da vida útil desses satélites.
O LFP desenvolve propulsores elétricos do tipo Hall desde 2004, com o apoio de agências de fomento, como a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Aplicações espaciais
O LFP foi criado em 1995, sendo o desenvolvimento de fontes de plasma para aplicações espaciais iniciado em 2002, com a montagem do primeiro propulsor a plasma do tipo Hall com imãs permanentes, como o Phall I que serviu para demonstrar a viabilidade dessa nova tecnologia.
O projeto possibilita a elaboração e publicação de vários trabalhos técnico- científicos e a participação de estudantes e professores em congressos nacionais e internacionais, assim como a elaboração de cursos e disciplinas com foco na área espacial ministradas anualmente na UnB.
Coordenação de Comunicação Social – CCS
Fotos: Laboratório de Física de Plasmas (LFP)

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Brasil Quer Liquidar Empresa Com a Ucrânia Após Fracasso de Foguete

Por Isabel Fleck
Enviada Especial à Nova York
21/09/2017 – 21h51
 
O governo brasileiro quer liquidar a empresa binacional ACS (Alcântara Cyclone Space), formada com a Ucrânia para o lançamento de foguetes do país com satélites comerciais da base de Alcântara, no Maranhão.
 
Em 2015, o governo federal decidiu cancelar o acordo bilateral para o lançamento dos satélites, depois que os dois governos gastaram aproximadamente R$ 1 bilhão na empreitada fracassada.
 
"A empresa tem que ser liquidada, né? No próprio acordo que firmamos com a Ucrânia se prevê a forma de liquidação do Brasil e da Ucrânia. Nós não podemos continuar com uma empresa inativa com uma despesa mensal. É preciso de prazo para isso", disse o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, após se encontrar com o homólogo ucraniano, Pavlo Klimkin, em Nova York.
 
Segundo Aloysio, é preciso "ver o que se gastou, o que está pendente". "Como receberemos a vista do ministro do Comércio ucraniano em outubro, ele irá já com uma posição sobre como eles querem lidar com isso", disse Aloysio.
 
 
Fonte: Site do Jornal Folha de São Paulo - 21/09/2017

Embraer e ITA prorrogam inscrições para engenheiros recém-formados

Programa de Especialização em Engenharia busca 30 novos profissionais

Meon, 25 de Setembro de 2017
 
 
 
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ITA e Embraer promovem programa para novos engenheiros
Divulgação
A Embraer e o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) prorrogaram a data limite das inscrições para o processo seletivo voltado a engenheiros recém-formados com objetivo de atuação na área de desenvolvimento de produtos da empresa. Os interessados podem se inscrever pelo internet, no site do programa, até o dia 28 de setembro.
O projeto, em parceria com o ITA, tem por objetivo selecionar 30 profissionais para participarem do PEE (Programa de Especialização em Engenharia), que tem previsão de início em 19 de fevereiro de 2018, com duração de um ano e meio.
Os candidatos precisam ter inglês avançado e serem graduados entre 2015 e 2017, nas modalidades: aeronáutica, civil, computação, eletrônica, materiais, mecânica, mecatrônica, naval, produção, química ou outras áreas relacionadas. Mais detalhes estão descritos no site do programa.

Programa de Especialização em Engenharia
Em parceria com o ITA, o PEE é um programa corporativo que visa à capacitação de engenheiros e oferece título de mestrado profissional em engenharia aeronáutica, reconhecido pela CAPES / MEC. Todos os cursos e atividades são ministrados em dependências da companhia por profissionais da Embraer e consultores contratados.
O programa combina a carga de especialização técnica com o desenvolvimento de conhecimento multidisciplinar. O projeto está estruturado em três fases distintas com duração de 5 a 6 meses cada (Fundamentos de Aeronáutica, Especialização e “Projeto Avião”).
As aulas são ministradas de segunda a sexta-feira, em período integral das 7h30 às 17h, por professores do ITA, especialistas da Embraer e consultores de diversos países.

ACOMPANHE OS PRAZOS
Inscrições - Até 28 de setembro - www.embraer.com/pee 
Testes on line (aderência ao perfil, inglês e lógica) - Até 30 de setembro - e-mail
Convocação para testes presenciais - Até 16 de outubro de 2017 - e-mail
Testes Presenciais - 12 de novembro de 2017 - diversas cidades
Convocação para Dinâmicas de Grupo e Entrevista - Até 20 de novembro de 2017 - e-mail
Dinâmicas de grupo e entrevistas presenciais - 04 a 08 de dezembro de 2017 - Embraer em São José dos Campos
Convocação dos aprovados PEE - 26 até 22 de dezembro de 2017 - e-mail
Início PEE 26 - 19 de fevereiro de 2018 - Embraer em São José dos Campos
*A Embraer se reserva o direito de excluir ou alterar as cidades em razão do número de candidatos.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

INPE e OMM realizam simpósio sobre dados meteorológicos

INPE, 21 de Setembro de 2017

Enfrentar os desafios e desencadear inovações em métodos avançados de assimilação de dados para um amplo espectro de aplicações na ciência do sistema atmosférico, oceânico e do sistema terrestre.
Esta foi a proposta do 7° Simpósio Internacional em Assimilação de Dados, que reuniu cientistas de 18 países em Florianópolis (SC) entre os dias 11 e 15 de setembro.
O evento foi organizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através de seu Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).
“Participaram em torno de 200 pessoas, a maioria do Brasil, mas também dos Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Argentina, Canadá, Austrália, China, Coreia do Sul, Japão etc.”, informou Dirceu Luís Herdies, pesquisador do CPTEC/INPE e um dos responsáveis pela organização do evento.


Pesquisadores do mundo todo se reuniram em Florianópolis


Participantes do 7° Simpósio Internacional em Assimilação de Dados

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Crise na Ciência brasileira é tema de debate na Adufc-Sindicato

Jornal da Ciência, 21 de setembro de 2017
O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, apresenta a palestra “Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil: a situação atual”, hoje, às 18h, em Fortaleza (CE)
Na quinta-feira (21), às 18h, o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc-Sindicato) realizará palestra sobre “Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil: a situação atual”, com o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), professor e pesquisador Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ildeu de Castro.
Para o presidente da SBPC, “o que estamos vivendo é muito grave, uma crise econômica e política com consequências sociais muito sérias”. Ainda segundo ele, “precisamos prestar nosso apoio às universidades públicas, que estão vivendo um momento muito difícil”, conclui o professor Ildeu de Castro.
A iniciativa é uma parceria entre a Adufc-Sindicato e a SBPC, e tem como objetivo instituir um espaço de debates interdisciplinares e fortalecer a relação do Sindicato com a comunidade acadêmica e a sociedade, por meio da discussão de temas de interesses comuns, sobre Ciência, Tecnologia e Cultura.
Sobre o palestrante
Doutor em física pela UFRJ, é professor do Instituto de Física e de programa de pós-graduação em história das ciências, ensino de física e história da física na UFRJ, e em mestrado em divulgação científica (Fiocruz/UFRJ/MAST/JBRJ). Realizou estágios de pesquisa na França, na École Polytechnique e na Universidade de Paris VII. Trabalha nas áreas de física teórica (sistemas não-lineares), história da ciência, em particular história da ciência no Brasil, e comunicação pública da ciência. Recebeu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica do CNPq em 2013. É Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC (2017-2019).
Serviço
Palestra sobre “Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil: a situação atual”
Dia: 21 de setembro de 2017
Horário: 18h
Local: Auditório da ADUFC-Sindicato (Av. da Universidade, 2346 – Benfica)
Aberto ao público

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Opinião: O Brasil segue na contramão dos rankings acadêmicos

Folha de São Paulo, 19 de setembro de 2017
 Adriano Vizoni/Folhapress 
RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL, 16-08-2017, 16h00: ESPECIAL RUF 2017. Campus da UFRJ, na Cidade Universitaria. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress, ESPECIAIS) ***EXCLUSIVO FSP***
Cartaz ironiza demora para manutenção na UFRJ, universidade que lidera o RUF
ADOLFO-IGNACIO CALDERÓN
ESPECIAL PARA A FOLHA


Recentemente, comemorou-se a liderança do Brasil no ranking de universidades da América Latina 2017, do THE (Times Higher Education), cujo destaque foi o primeiro lugar obtido pela Unicamp, superando a USP. No RUF, desde 2016, a USP também perdeu a primeira posição para a UFRJ, que emergiu com a melhor do país.
Apesar desses percalços, a USP ainda se consagra como a universidade brasileira melhor posicionada no ranking mundial de universidades do THE, ficando na faixa das 251-300 melhores do mundo, seguida distantemente pela Unicamp (401-500) e pela Unifesp (501-600).
Para além dessas conquistas, essas universidades têm em comum agudos problemas financeiros e endêmicas dificuldades de gestão, distanciando-se das chamadas "universidades de classe mundial" (na sigla UCM). São instituições com realidade financeira diferente, marcadas pela solvência econômica e principalmente por eficientes estruturas de governança.
Além disso, inserem-se em um sistema baseado no controle do Estado, com relativa autonomia e baixa pressão do mercado, bem como, em estruturas de gestão burocratizadas e distantes do modelo de universidade empreendedora defendida pelo sociólogo norte-americano Burton Clark. Ou seja: universidades flexíveis e abertas para atender às demandas da sociedade. Isso talvez explique o fato de que nenhuma delas participa no mercado global de educação superior.
Estudos demonstram que as verdadeiras UCM criam filiais fora de seus países, com unidades próprias e com escritórios de representação, ou participam da co-fundação de instituições no exterior.
Apesar de serem líderes na América Latina, as nossas universidades não adotam esse tipo de prática. Tampouco aderem a políticas institucionais de valorização do mérito individual ou coletivo, como por exemplo bonificações por desempenho.
Aliás, o Prêmio Excelência Acadêmica Institucional da USP, intensificado em 2012 e extinto em 2014, foi uma tentativa de bonificação pela performance em rankings internacionais que se viu afetado pela crise financeira institucional desta universidade.
Distante das tendências internacionais, o Estado Brasileiro se mostrou até hoje omisso e sem uma política indutora que acene estrategicamente para a inserção do Brasil, de maneira diferenciada, na economia global do conhecimento.
O mais próximo que chegou disso foi o abortado projeto do MEC chamado "Universidades de Excelência - TOP 200", que previa concentrar esforços em cinco universidades públicas federais para que se inserissem entre as 200 melhores do mundo.
Deixar de seguir na contramão exige enfrentar a realidade e construir as bases de uma nova universidade brasileira e global que enfrente as demandas do século 21.
Para isso, não há dúvidas: rankings nacionais e internacionais de universidades podem ser poderosas ferramentas de apoio à gestão da política de educação superior.
Adolfo-Ignacio Calderón é professor da PUC-Campinas e coordenador da Rede Brasileira de Pesquisadores sobre Rankings Acadêmicos, Índices e Tabelas Classificatórias na Educação Superior 

Cortes de recursos para ciência ameaçam participação de brasileiros em experimentos no Cern

O Globo, 19 de setembro de 2017
  

Brasil já não pagou taxa cobrada de pesquisadores de todo mundo em 2017 e orçamento não inclui provisão para 2018

 
RIO – Os cortes nos recursos para ciência e tecnologia do governo ameaçam a participação de mais de cem pesquisadores brasileiros em experimentos no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), dono do maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC), na fronteira da Suíça com a França. Diante disso, uma comissão de cientistas reunidos pela Rede Nacional de Física de Altas Energia vai a Brasília nesta terça-feira tentar obter as verbas necessárias para que possam dar continuidade às suas pesquisas.
 
Segundo os pesquisadores, este ano o Brasil já não pagou as chamadas taxas de manutenção e operação devidas pela sua participação nas colaborações no Cern, e no projeto da Lei Orçamentária de 2018, enviado ao Congresso pelo Executivo no último dia 31 de agosto, não há nenhuma provisão para o pagamento das taxas também no ano que vem. Os valores destas taxas, pagas por todos os pesquisadores plenos - isto é, não estudantes, seja de mestrado ou doutorado – de todos países, inclusive os Estados-membros do Cern, variam de acordo com o experimento, mas ficam em média por volta de 8 mil francos suíços (quase R$ 26 mil) por pesquisador por ano.
- O Brasil já está inadimplente e isso cria uma situação muito vergonhosa para todos nós – conta Claudio Lenz Cesar, professor do Instituto de Física da UFRJ e um dos três pesquisadores plenos brasileiros que fazem parte da colaboração Alpha, experimento que busca encontrar diferenças, mesmo que mínimas, nas propriedades do anti-hidrogênio com relação ao hidrogênio de forma a tentar explicar porque nosso Universo é composto basicamente de matéria, apesar de a teoria do Big Bang indicar que a grande “explosão” que teria dado origem a tudo que existe deveria ter criado quantidades iguais de matéria e anti-matéria.
Segundo Cesar, mais do que ameaçar os pesquisadores brasileiros com a expulsão das colaborações no Cern, o não pagamento das taxas coloca em risco a liderança do país em alguns campos destas pesquisas. Desde o início do ano, por exemplo, o laser de baixas temperaturas do Alpha, responsável pela “captura” dos átomos de anti-hidrogênio do experimento, usa uma cavidade ótica para aumentar sua potência que foi totalmente desenvolvido e construído aqui no Brasil. Além disso, os pesquisadores brasileiros se preparam para implementar no mesmo experimento uma nova técnica que permitirá fazer as medições das propriedades do anti-hidrogênio e do hidrogênio em um mesmo ambiente com uma precisão inédita de 15 casas decimais, isto é, na escala do trilionésimo, o que corre o risco de não acontecer sem recursos extras.
- Sem estes investimentos, o Brasil deixa de ter uma posição de liderança que poderia ter nestes experimentos – destaca Cesar. - Muitas vezes a física traz surpresas nestas casas decimais e com uma colaboração grande do Brasil o Alpha pode adentrar um terreno que nenhum outro experimento jamais chegou na área.
Uma das mais prestigiadas e avançadas instituições científicas do mundo, o Cern está por trás de vários desenvolvimentos importantes na ciência e tecnologia. A internet e a www, por exemplo, foi criada nos laboratórios do Cern para facilitar a troca de informações e colaboração entre seus pesquisadores. Mais recentemente, experimento no LHC confirmaram a existência do chamado bóson de Higgs. Apelidado de “partícula de Deus”, o bóson de Higgs é apontado como o responsável por conferir massa a todas outras partículas do Universo e era o último que faltava ter sua existência confirmada dentro do chamado Modelo Padrão da física. Elaborada nos anos 1960, esta teoria lista as 32 partículas fundamentais que formariam o Universo e mediariam suas forças.

ITA E CLA FIRMAM ACORDO COM UFMA PARA CURSO DE ENGENHARIA AEROESPACIAL

DCTA, 22 de agosto de 2017

O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) firmaram nesta terça-feira (15/08) com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) acordo de cooperação acadêmica e técnica visando a implantação do curso de graduação em Engenharia Aeroespacial na instituição de ensino superior maranhense. A assinatura do acordo ocorreu no CLA e contou com a presença dos Deputados Federais José Reinaldo e Waldir Maranhão, representantes da bancada maranhense na Câmara dos Deputados, do Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Augusto Amaral Oliveira, Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), dos dirigentes das três instituições envolvidas no acordo, além de integrantes do governo e  legislativo estadual maranhense.

O instrumento celebrado entre as três Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT) estabelece contrapartidas e responsabilidades de cada um dos envolvidos e prevê o apoio acadêmico e técnico do ITA como explica o professor Anderson Correia, Reitor da instituição de ensino superior do Comando da Aeronáutica (COMAER) subordinada ao DCTA. “Os técnicos do CLA ajudarão a propiciar um caráter profissional e os professores do ITA irão participar periodicamente do curso presencialmente ou à distância, além de recebermos alunos em São José dos Campos para períodos de estágios.”

Para o Diretor do CLA, Coronel Luciano Valentim Rechiuti, a futura implantação do curso no Maranhão envolverá uma sinergia de experiências em prol do desenvolvimento do setor aeroespacial no país. “O nosso principal objetivo é conseguir unir os conhecimentos que existem agregados nas três instituições, ou seja, utilizar toda experiência acadêmica do ITA e o conhecimento agregado na área espacial, o conhecimento operacional que existe no CLA para que tudo isso possa ser utilizado pela UFMA, de forma que possamos dinamizar esse curso, para que ele possa ser um curso diferenciado, e que traga resultados não só para a UFMA, mas também para o CLA, para o Maranhão e para o Brasil como um todo.”

No evento de assinatura do acordo, o Diretor-Geral do DCTA, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Augusto Amaral Oliveira relembrou o momento de criação do ITA e do DCTA ainda na década de 50 como um exemplo a ser seguido pelo estado do Maranhão como indutor para polo científico-tecnológico ligado aos setor aeroespacial, como o que existe atualmente em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Os Deputados Federais José Reinaldo (PSB-MA) e Waldir Maranhão (PP-MA) destacaram a importância do acordo para o desenvolvimento do estado do Maranhão e do país em uma área estratégica e que carece e demanda por profissionais altamente qualificados, além da articulação de toda bancada maranhense na Câmara dos Deputados para garantir os recursos. Por meio de emenda parlamentar proposta pela bancada do Maranhão devem ser disponibilizados inicialmente 60 milhões de reais em um primeiro momento  visando a implantação do curso de graduação em Engenharia Aeroespacial na UFMA. O acordo entre ITA, CLA e UFMA entrará em vigor a partir da publicação no Diário Oficial da União (DOU) e terá prazo de vigência pelos próximo cinco anos.
 
Engenharia Aeroespacial na UFMA

A expectativa da UFMA é oferecer o curso de graduação em Engenharia Aeroespacial aos alunos interessados a partir do vestibular deste ano de 2017.  “O aluno vai fazer vestibular para o Bacharelado Interdisciplinar de Ciência e Tecnologia e ao final de três anos ele faz a opção entre as engenharias que a universidade oferece. Nós teremos agora a engenharia específica na área aeroespacial, então o aluno já vai participar desse processo fazendo sua inscrição no ENEM agora para o primeiro semestre de 2018”, explica a professora Nair Portela, Reitora da UFMA. Por meio da graduação em Engenharia Aeroespacial espera-se fomentar a formação de recursos humanos de alta qualidade para o setor aeroespacial, disponibilizando a infraestrutura necessária e oferecendo a possibilidade de participação em pesquisas e serviços de lançamentos, rastreio de veículos espaciais e de coleta e processamento de dados de cargas úteis. O curso será o único do Brasil na área com ênfase em centros de lançamentos, somente proporcionado por meio da interação entre a universidade e a organização militar da Força Aérea Brasileira (FAB) situada em Alcântara, responsável pelo lançamento e rastreio de engenhos aeroespaciais.
Publicado em: 22/08/2017
Fonte:  CLA/ DCTA

AGÊNCIAS ESPACIAIS DOS BRICS DISCUTEM CONSTELAÇÃO DE SATÉLITES

Agências espaciais dos BRICS discutem constelação de satélites
Publicado em: AEB,  Brasília, 15 de setembro de 2017
A Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTIC) em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) promoverá nos dias 18, 19 e 20 de setembro 1st BRICS Remote Sensing Satellite Constellation Forum. O encontro reúne representantes das agências espaciais dos BRICS  –  Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – que discutirão aspectos técnicos relacionados à iniciativa dos cinco países em estabelecer uma constelação virtual de satélites de sensoriamento remoto.
Ao longo dos três dias, profissionais também discutirão outras questões ligadas ao segmento espacial, como segmento de solo da constelação, aplicações em sensoriamento remoto, bem como outros aspectos de interesse dos BRICS.  Assuntos estabelecidos nas declarações de cúpula dos países, mais especificamente na 7ª reunião, que aconteceu em 2015 na Rússia, e na 9ª, realizada na China em 2017, também serão tratados no Fórum.
Na ocasião das cúpulas, os líderes dos BRICS reiteraram o desejo de intensificar colaborações multilaterais por meio de aplicações espaciais e uso pacífico do espaço. Ficou estabelecido no item 59 da 9ª Cúpula que a prioridade deve ser conferida à garantia de sustentabilidade de longo prazo das atividades no espaço exterior, bem como as formas e meios de preservar o espaço exterior para as gerações futuras.
A preservação do espaço é um dos objetivos da atual agenda do Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior (UNCOPUOS, na sigla em inglês). A decisão do Grupo de Trabalho do Subcomitê Científico e Técnico do UNCOPUOS sobre Sustentabilidade em Longo Prazo das Atividades do Espaço Exterior de concluir negociações e alcançar consenso sobre o conjunto completo de diretrizes para a sustentabilidade em longo prazo das atividades espaciais até 2018, foi comemorada, principalmente por coincidir com o 50º aniversário da primeira Conferência das Nações Unidas sobre a Exploração e o Uso Pacífico do Espaço Exterior (UNISPACE+50, na sigla em inglês).
Além da comitiva dos BRICS,  também  participarão do evento professores e pesquisadores da UnB, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e também do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Coordenação de Comunicação Social – CCS

terça-feira, 19 de setembro de 2017

O papel das mulheres na história da ciência

El País, 17 de setembro de 2017

Em uma época em que a igualdade nos laboratórios está mais próxima, a cultura revisa o papel censurado das mulheres na história da ciência


No outono de 1940, enquanto o antissemitismo dava dentadas, Rita Levi-Montalcini (Turim, 1909-Roma, 2012) fabricava instrumentos artesanais para remontar em sua casa um laboratório onde pudesse continuar a pesquisa que as leis raciais de Mussolini haviam impedido. Ante cada bombardeio britânico, protegia sua vida tanto quanto a do microscópio binocular Zeiss que levava para o abrigo. Na montanha, onde se escondeu com sua família, peregrinou por granjas para conseguir ovos que lhe proporcionassem embriões para o experimento e comida para seu estômago, nesta ordem. E nem sequer foram as horas mais angustiantes que viveu durante a guerra, quando exerceu a medicina com enorme impotência diante da avalanche de mortos.

Anos depois, ao reviver aquelas horas para suas memórias Elogio da Imperfeição, afirmaria que seguiu adiante com seus trabalhos enquanto o mundo desabava graças “à desesperada e em parte inconsciente vontade de ignorar o que acontece, porque a plena consciência nos teria impedido de continuar vivendo”. Aqueles estudos desenvolvidos contra as circunstâncias acabariam em um descobrimento, o fator de crescimento nervoso (NGF, na sigla em inglês), que lhe daria o Nobel de Medicina em 1986.
Um assunto ao qual ela dedica duas singelas alusões em suas memórias. O importante estava em outra parte. No conselho que um colega lhe deu em um daqueles dias apocalípticos: “Não se dê por vencida. Monte um laboratório e continue trabalhando. Lembre-se de Cajal, e como na cidade sonolenta que deveria ser Valência em meados do século XIX, assentou as bases do que conhecemos do sistema nervoso dos vertebrados”.
Não se dar por vencida ainda que tudo, inclusive o contexto, a convidava a render-se. A chave que transforma em histórias épicas as trajetórias das mulheres que deram à ciência mais do que a ciência lhes reconhece reside em um heroico afã de superação. Em uma inteligência de grande porte protegida por uma couraça firme para sobrepor-se às vaias, provocações, exploração salarial e apropriação indevida de suas ideias. Contra a visão de que a ciência era um reduto de homens, emergem cada vez mais biografias e filmes dessas aventureiras do conhecimento (desde 2009, Alexandria, Jane’s Journey, Temple Grandin, Estrelas Além do Tempo e Marie Curie).
Poucas, sim. Mas tão silenciadas que não existiam até que nas últimas décadas, acompanhando a irrupção em massa de mulheres em laboratórios e o impulso dos estudos de gênero, aflorou uma releitura que põe algumas coisas (e pessoas) em seu devido lugar: desde a paleontóloga Mary Anning (1799-1847), que renovou o conhecimento da pré-história com suas descobertas de fósseis de dinossauros (e silenciada por ser mulher, pobre e não anglicana, na ordem que quiser), até a matemática Ada Lovelace (1815-1852), considerada precursora da programação informática.
Claro que se o Nobel é o auge para se mediar a excelência, somente 48 mulheres tocaram o céu. Um ínfimo 5% dos 881 premiados (excluídos os organismos) desde que os prêmios foram concedidos pela primeira vez em 1901. As estatísticas nacionais na Espanha também não convidam à diversão: os principais prêmios científicos concedidos até 2015 no país (Princesa de Astúrias, Nacionais, Jaime I e Frontera-­BBVA) foram para homens em 89% das ocasiões, segundo dados da Associação de Mulheres Pesquisadoras e Tecnólogas (AMIT, na sigla em espanhol).
As premiações não resistem a uma revisão crítica de sua história. A trajetória do Nobel está repleta de pegadas sexistas. Três exemplos. A austríaca Lise Meitner, apesar de seu papel no descobrimento da fissão nuclear, foi excluída em 1944 do Nobel de Física, entregue a seu colaborador ­Otto Hahn (outra alegria que a judia Meitner somava, depois de ter fugido da Berlim nazista). Rosalind Franklin e sua famosa Fotografia 51, em que se aprecia a dupla hélice do DNA pela qual entrariam para a história James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins, que se valeram da imagem sem reconhecerem sua autora. Ou a irlandesa Jocelyn Bell, que descobriu os pulsares com 24 anos, enquanto realizava seu doutorado. Tanta precocidade perturbou a Academia, que concedeu o Nobel a seus superiores.
Rita Levi-Montalcini.ampliar foto
Rita Levi-Montalcini.
A este resgate histórico se soma agora a exposição Mujeres Nobel (Mulheres Nobel), em Madri, dedicada a algumas das ganhadoras. Uma lista inaugurada por Marie Curie em 1903 e, por enquanto, fechada em 2015 pela jornalista bielorrussa Svetlana Alexiévich (Literatura) e a cientista chinesa Youyou Tu (Medicina). Por trás de cada história costumam coincidir a vontade, a modéstia e o humanismo. Se Levi-Montalcini exerceu a medicina clandestinamente durante a Segunda Guerra Mundial, Marie Curie (Nobel de Física e Nobel de Química) criou um serviço móvel de atendimento radiológico, os petit curie, para facilitar a extração de estilhaços dos feridos na Primeira, ajudada por sua filha Irène, futura Nobel de Química em 1935. “Preocupada com a possibilidade de que alguma vez o motorista não estivesse disponível, aprendeu a dirigir e também a mecânica imprescindível”, contam na biografia Ella Misma (Ela mesma) Belén Yuste e Sonnia L. Rivas-Caballero, também organizadoras da exposição, realizada pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC, na sigla em espanhol) e o Museu Nacional de Ciências Naturais da Espanha.
Marie Curie é provavelmente a cientista mais admirada. Foi também uma das mais atacadas por sua vida pessoal (sua suposta relação, já viúva, com Paul Langevin, que era casado), utilizada pela imprensa sensacionalista com a sanha das redes sociais de hoje. O mito Curie, no entanto, enfrentou tudo, inclusive a abertura das portas do Panteão dos Homens Ilustres da França, em 1995. Um modelo que levou a menina Joaquina Álvarez a saber o que iria fazer no futuro: “Me deram de presente um livro sobre ela e disse para mim mesma: ‘Eu quero fazer isso, saber como funciona o mundo’. E mais ou menos consegui, mas sempre fui minoria. E quando se é minoria, não te escutam, te ignoram, e quase sempre se está sozinha”. A geóloga Álvarez, que pesquisa em Taiwan os processos que influenciam na formação de cordilheiras, preside a AMIT, a organização que desde 2002 luta por uma ciência livre de discriminação. E, apesar de haver sinais otimistas –tantas mulheres quanto homens lendo teses–, se mantém o predomínio masculino no topo da carreira científica espanhola.
Na Europa se aponta o ano 2000 como divisor de águas. Foi apresentado naquele ano o estudo ETAN sobre Mulheres e Ciência, um alarmante levantamento sobre a desigualdade nos países da Comunidade Europeia. “A desigualdade de gênero afeta o PIB. Uma sociedade não pode permiti-la, como também não se pode permitir a escravidão, porque significa perder talento”, afirma Pilar López Sancho, presidenta da Comissão Mulheres e Ciência do CSIC. Em 2015 promoveu a entrega da medalha de ouro do organismo a Jocelyn Bell, a descobridora dos pulsares. Pensou que era a primeira a recebê-la. Seu estupor foi maiúsculo ao descobrir que havia um precedente que não conhecia. “A primeira a receber a medalha fora Rita Levi-Montalcini, mas, em vez do salão de eventos, foi em uma salinha pequena e não tiraram fotos. Passou desapercebido. É o cúmulo que lhe deem essa medalha e que não se saiba”.
Youyou Teu.
Youyou Teu.
A jornalista Dava Sobel reconstruiu em The Glass Universe (O Universo de Vidro) a insólita experiência do Observatório de Harvard, que em 1893 alcançava a paridade: 42,5% dos auxiliares eram mulheres. Até aí tudo bem. “Às vezes me sinto tentada a abandonar e deixar que algum homem faça o meu trabalho, para que assim percebam o que estão obtendo comigo por 1.500 dólares por ano, comparado com os 2.500 que recebe qualquer outro auxiliar (homem). Já pensou alguma vez que tenho um lar a manter e uma família a cuidar assim como os homens?”, se queixava Williamina Fleming, uma escocesa que entrou como servente na casa do diretor do Observatório, Edward Pickering, e acabou como conservadora oficial de fotografias astronômicas de Harvard.
Além da cumplicidade de Picke­ring, as pesquisadoras se beneficiaram de outra circunstância: o financiamento do Observatório dependia da filantropa Anna Palmer Draper, viúva do astrônomo Henry Draper. Para a história também ficou constando o incômodo que as astrônomas suscitavam no presidente de Harvard: “Sempre pensei que o cargo da senhora Fleming era um tanto anômalo e seria melhor não convertê-lo em uma prática regular outorgando a suas sucessoras o mesmo cargo”.