segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Comitê internacional afirma que política migratória de Trump prejudica ciência mundial

Agência CT&I
10 de fevereiro de 2017



O International Human Rights Network of Academies and Scholarly Societies - aliança que congrega mais de 80 sociedades e academias de diversos países – se posicionou contra a nova política migratória estadunidense, sancionada pelo presidente recém-eleito, Donald Trump. Membros do comitê executivo, formado por cientistas de diferentes países - no qual o Brasil é representado pela acadêmica Belita Koiller – assinaram carta que esclarece a preocupação do órgão com os impactos que esta medida terá na ciência mundial.

No decreto assinado por Trump em 27 de janeiro deste ano, nativos de países como Irã, Iraque, Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iêmen e refugiados em geral ficam temporariamente banidos dos Estados Unidos. Além disso, ele proíbe por tempo indeterminado a entrada de refugiados da Síria nos EUA.

O comitê lembra que grandes avanços científicos foram feitos em conjunto com cientistas de diversas partes do mundo, incluindo refugiados, e que o impedimento de seu trânsito pelo país vai impactar diretamente na atividade de pesquisa e nas relações internacionais entre pesquisadores.

"Os EUA desempenham para muitos países o papel de um verdadeiro 'Hub' internacional de pesquisa. Não é o único, mas, para mim, o preferido. Essa ordem enfraquece este papel dos EUA como um pólo internacional de ciência e tecnologia, um ambiente estimulante para troca de ideias e colaborações entre cientistas de todos os países", lamenta Koiller, que é pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi uma das três cientistas brasileiras a ganhar o prêmio L'Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência.

Além de prejudicial para setores do país, o comitê reforça que cientistas, pesquisadores e estudantes dos países mencionados no decreto e que estavam fora dos EUA quando este foi decretado já enfrentaram complicações para retornar ao país. Acreditam também que mais cientistas passarão a temer sair do país e não conseguirem voltar.

"O impacto desta ordem executiva não se limita aos 7 países nela explicitados, mas contamina todos os programas internacionais em atividade dos quais os EUA participam. É uma barreira interrompendo o fluxo internacional de ideias e o livre trânsito de cientistas, pré-requisitos para o avanço científico, tecnológico e inovação em termos globais", completa a Koiller.

O pedido do comitê é de que o governo americano reveja a política, considerando não apenas o quanto ela prejudicará as atividades científicas internacionais, mas também para que ela respeite as leis internacionais de direitos humanos e os direitos dos refugiados.

(Agência ABIPTI, com informações da ABC)

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