terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Astronomia: A matéria escura existe mesmo?

Mensageiro Sideral - UOL
Salvador Nogueira
9 de janeiro de 2017



A nova lei?

O físico holandês Erik Verlinde, da Universidade de Amsterdã, está causando depois que apresentou, no fim do ano passado, uma nova teoria da gravidade. Ela sugere que a misteriosa matéria escura, tão buscada pelos pesquisadores, mas até hoje nunca encontrada, na verdade nem existe.

Depois de Einstein

Se ele estiver certo, sua teoria — que sugere que a gravidade na verdade é um fenômeno emergente e não uma força fundamental — deve substituir a relatividade geral de Einstein como a visão mais refinada que temos da gravitação. São sapatos enormes para calçar, mas a teoria acaba de passar por seu primeiro teste.

Funcionou

Um estudo com 33 mil galáxias recém-publicado observou o padrão de lentes gravitacionais que elas produzem, e os resultados são consistentes com as predições de Verlinde — embora ele as tenha apresentado de forma bem simplificada.

Já funcionava

Até aí, truco. As observações também são consistentes com a boa e velha relatividade geral. Mas, para isso, você tem de incluir nessas galáxias uma dose cavalar de matéria escura — e é isso que os astrofísicos têm feito há 40 anos. Mas, convenhamos, inventar um ingrediente para fazer as coisas funcionarem não é solução ideal e deixa a dúvida: a matéria escura existe mesmo ou seria só um remendo para salvar a relatividade?

Desafios adiante

Se for um remendo, não podemos negar que é o melhor remendo até agora para explicar algumas observações. O exemplo mais gritante é o do Aglomerado da Bala, em que a colisão violenta de dois grupos de galáxias parece ter separado a matéria escura do resto. Será que a nova teoria, ainda embrionária, poderá explicar isso?

E ainda tem o Universo

Por fim, há a cosmologia. Os modelos atuais que explicam tão bem a evolução do cosmos desde o Big Bang dependem da matéria escura. Já a teoria de Verlinde sequer foi investigada nesse contexto e seu próprio criador admite que é cedo para emitir qualquer julgamento. Ou seja, ainda não jogue fora a matéria escura. Podemos muito bem precisar dela novamente logo mais.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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