sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Satélite de escola pública de Ubatuba, a bordo de foguete japonês, será enviado nesta sexta-feira para ISS

INPE
8 de dezembro de 2016



Com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), estudantes de 10 a 15 anos foram capazes de construir um pequeno satélite, que deve ser enviado ao módulo japonês Kibo da Estação Espacial Internacional (ISS) nesta sexta-feira, 9 de dezembro, às 11h26 (hora de Brasília).


O voo do Tancredo-1 irá coroar os esforços de alunos e professores da Escola Municipal Tancredo Neves, de Ubatuba (SP), que desde 2011 atuam para colocar em órbita o picossatélite, um tubesat de aproximadamente 600 gramas.

O Tancredo-1 será enviado para a ISS-Kibo dentro do adaptador TuPOD, fabricado pela empresa italiana GAUSS Srl, a bordo de um foguete da JAXA, a agência espacial japonesa.

"Espera-se que o TuPOD seja ejetado da ISS em 19 de dezembro e, em 21 de dezembro, o Tancredo-1 deve ser finalmente ejetado do TuPOD para o espaço", informa Auro Tikami, do INPE, que acompanha as atividades com o picossatélite.

Quando em órbita, a uma altitude de cerca 400 km da Terra, o Tancredo-1 transmitirá dados de telemetria e mensagem gravada pelos estudantes brasileiros e radioamadores. Além disso, o picossatélite leva a bordo um pequeno experimento para estudo da formação de bolhas de plasma, preparado pelo pesquisador Polinaya Muralikrishna, da Coordenação de Ciências Espaciais e Atmosféricas (CEA) do INPE.

Para tornar real o Tancredo-1, a escola criou o projeto UbatubaSat, que nos últimos anos vem proporcionando ricas experiências aos estudantes, professores e, também, pesquisadores do INPE. Desde o início do projeto, foram inúmeros os encontros entre os alunos e especialistas, visitas de engenheiros à escola e do grupo de Ubatuba às instalações do Laboratório de Integração e Testes (LIT) e da Coordenação de Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE) do INPE, em São José dos Campos (SP).

O projeto é liderado pelo professor de matemática Cândido Oswaldo de Moura, que teve a ideia ao ler numa revista de divulgação científica sobre satélites pessoais. Ele buscou então apoio no INPE, que abraçou a iniciativa como parte de sua missão de difundir conhecimento e incentivar novos talentos para a área espacial.

Antes mesmo de voar, o Tancredo-1 levou a viagens e conquistas inesquecíveis. A história do grupo mais jovem do mundo a ingressar na área espacial foi contada pelos próprios estudantes no Japão, em 2014, quando tiveram um artigo científico aceito em congresso aeroespacial daquele país. Também puderam conhecer as instalações da NASA e da Interorbital, empresa dos Estados Unidos que criou o "kit" para montagem de tubesats.

O kit teve que passar por uma completa reengenharia, tema de mestrado na área Engenharia e Gerenciamento de Sistemas Espaciais de Auro Tikami no INPE. "Como o Tancredo-1 tem vida útil aproximada de três meses, a reengenharia foi feita atendendo aos requisitos de segurança exigidos pela JAXA e utilizando praticamente os mesmos componentes originais".

O INPE mantém o apoio aos estudantes e professores, que continuam o projeto e esperam lançar outros satélites. "Uma afirmação que sempre lembramos neste projeto voluntário é que a parte mais importante ficará perenizada em terra com seus participantes e no conhecimento gerado, podendo servir de ponto de partida para novas iniciativas de difusão em Ciência", afirma Walter Abrahão dos Santos, pesquisador que coordena o projeto no INPE.

Os participantes do projeto agradecem o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), da comunidade de radioamadores, da GAUSS (Itália), JAMSS (Japão), Morehead State University (Estados Unidos), além dos vários pesquisadores, engenheiros e especialistas voluntários de divisões da ETE, CEA e LIT do INPE, bem como do Centro Regional Sul (CRS/INPE) e do ITA, e todos que colaboraram para tornar possível o voo do Tancredo-1.

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