terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Pintec 2014 registra estabilidade em taxa de inovação e investimento de empresas em P&D

Agência CT&I
Felipe Linhares
13 de dezembro de 2016

a comparação faturamento x dispêndios em P&D, empresas investiram 0,03% a mais no triênio 2012-2014 - Foto: Simi

O setor industrial tem mantido estáveis os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) nos últimos anos mesmo após a crise econômica mundial iniciada em 2008. É o que revelam os dados da Pesquisa de Inovação (Pintec) 2014, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo que recolheu dados de 132.529 empresas brasileiras, tanto públicas como privadas, fornece um retrato sobre as atividades inovativas no triênio 2012-2014. Os dispêndios em P&D, quando comparado ao faturamento das companhias, passaram de 0,81%, entre 2009 e 2011, para 0,84%. A pesquisa revela que o volume de investimentos do setor saltou de R$ 17,4 bilhões para R$ 22,7 bilhões.

A participação dos dispêndios em P&D no PIB brasileiro também registraram leve alta. Na Pintec 2008, o índice foi de 0,58%. No estudo seguinte (2009-2011) chegou a 0,59%, e, agora, atinge a marca de 0,61%. Os dados da Pintec 2014 indicam que 36% das empresas brasileiras introduziram algum tipo de inovação, ante 35,7% na edição anterior.

A indústria contribuiu positivamente para esse resultado, principalmente as empresas extrativas, que tiveram 42% das entidades inovadoras, contra 18,9% da edição anterior. Na indústria de transformação, o percentual subiu de 35,9% (2011) para 36,3% (2014). No total da indústria, a variação foi de 35,6% (2011) para 36,4% (2014). Entre as empresas de eletricidade e gás, 29,2% foram inovadoras e no âmbito dos serviços, 32,4%. No período anterior as taxas foram de 44,1% e 36,8% e respectivamente.

Pela primeira vez a Pintec também permite conhecer o quantitativo de mulheres atuando como pesquisadoras. Do total de 94 mil pesquisadores das empresas inovadoras, apenas 19,6 mil (20,85%) eram do sexo feminino. A maior participação foi na indústria (22%), em seguida vinham os serviços selecionados (18,2%) e as empresas de eletricidades e gás (16,1%).

Na Pintec 2014, o elevado custo ocupou o primeiro posto como obstáculo à inovação na indústria (86%), seguido pelos riscos (82,1%) e pela escassez de fontes de financiamento (68,8%). A falta de pessoal qualificado vinha avançando posições no ranking, chegando a aparecer, em 2011, como o segundo maior entrave na indústria (72,5%). Em 2014, esta categoria passou a ocupar a quarta colocação (66,1%). Os elevados custos também foram os obstáculos mais relevantes nos serviços (88,5%), enquanto no setor de eletricidade e gás, a primeira posição foi assumida pelos riscos (69,9%).

Dezessete porcento das empresas inovadoras informaram ter utilizado pelo menos um dos métodos estratégicos para proteger suas inovações. O principal foi o segredo industrial (10,7%) seguido pelo tempo de liderança sobre os competidores (6,5%) e a complexidade no desenho (5,7%).

Entre 2012 e 2014, das 47,7 mil empresas inovadoras em produto ou processo, 86,7% realizaram ao menos uma inovação organizacional ou de marketing, sendo 79,1% introduzindo ao menos uma inovação organizacional e 62,3% alguma inovação de marketing. Comparando com o período anterior (2009-2011), esta proporção aumentou para todas as atividades. Naquele período, os mesmos percentuais haviam sido, respectivamente, 85,9%, 77,2% e 60,7%.

Acesse a íntegra do estudo aqui.

Destaques do Ipea

Na nota técnica, “Inovação no Brasil: crescimento marginal no período recente”, economistas do Instituto de Pesquisa Econômica Apliacada (Ipea) fazem uma análise preliminar dos principais resultados da pesquisa. Apesar da estabilidade nos principais indicadores, o estudo destaca alguns pontos da nova edição da Pintec. O primeiro deles é o crescimento do investimento em P&D do setor de telecomunicações, passando de aproximadamente R$1,1 bilhão em 2011 para de R$ 4,2 bilhões em 2014. 

“Esse resultado foi tão importante na manutenção da estabilidade dos investimentos em P&D em relação ao PIB no País que, na sua ausência, o investimento em P&D teria sido apenas de 0,54% do PIB, o que representaria uma queda em relação aos 0,59% do PIB verificados em 2011”, destaca o estudo, que tem entre os autores Fernanda De Negri.

Em segundo lugar, a Nota Técnica aponta um crescimento expressivo do apoio governamental para P&D. No início da década, cerca de 19% das empresas inovadoras haviam declarado terem recebido algum tipo de apoio governamental para inovar. Esse número foi de aproximadamente 34% em 2011 e para mais de 46% em 2014.

O principal mecanismo utilizado no intervalo 2012-2014 foi o financiamento para compra de máquinas e equipamentos, contemplando 29,9% das empresas inovadoras, 4,3 pontos percentuais acima do constatado no triênio anterior. Os incentivos fiscais à P&D e inovação tecnológica, dispostos na Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005), atingiram 3,5% das empresas inovadoras entre 2012 e 2014, ante 2,7% registrados entre 2009 e 2011.

As compras públicas de produtos inovadores, programa pela primeira vez destacado no questionário da pesquisa, incentivaram 2% do total das empresas inovadoras e 1,4% das empresas inovadoras industriais.

Por fim, o estudo destaca a mudança na composição do investimento em P&D das empresas brasileiras. Esse movimento pode ser visto desde 2008 e mostra que as empresas estão reduzindo o volume do investimento em P&D realizado dentro da própria empresa e ampliado o percentual dedicado à aquisição de P&D de institutos de ciência e tecnologia (ICTs) ou de outras empresas. O investimento em P&D interno caiu de 0,5% para 0,45% do PIB.

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