quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Ventanias e tempestades de granizo são mais frequentes na primavera, alerta o Inpe

MCTIC
8 de novembro de 2016

Queda de árvores e de fios de alta tensão são algumas consequências das tempestades de primavera. Crédito: Agência Brasil
Choque entre o ar quente da superfície e o ar frio das camadas mais altas da atmosfera leva à formação de granizo e às chuvas com vento forte. Com o aquecimento global, eventos extremos começaram a ser observados no Brasil.

Ventanias e tempestades de granizo são fenômenos climáticos comuns na primavera, quando a diferença de temperatura entre a superfície e as camadas mais altas da atmosfera leva à formação de granizo, que, por sua vez, provoca grandes correntes de vento. Quanto mais quente na superfície, maior o choque e a intensidade da tempestade. E com o aquecimento global, eventos extremos passaram a ser observados com maior regularidade no Brasil.

As tempestades com ventos são classificadas em três categorias: tornados, vendavais (também chamados microexplosões) e tempestades intensas. A primeira é caracterizada por ventos que rodopiam em torno de um ponto quando tocam no solo. A segunda ocorre quando há ventos acima de 60 quilômetros por hora, mas que não rodam. Já o último tem a presença de granizo associado aos ventos fortes.

Segundo o pesquisador Luiz Augusto Toledo Machado, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), quanto maior a temperatura do ar no solo, maior é a possibilidade de haver a formação de tempestades por conta do "violento choque" entre o ar quente da superfície e o ar de baixíssimas temperaturas das camadas mais altas da atmosfera. Dessa interação, resulta a formação de cristais de gelo, que depois se convertem em granizo.

Os fortes ventos são decorrentes da formação do granizo. O volume de energia dispendido no processo de mudança de estado físico de água para cristais de gelo – acarreta a formação de grandes correntes de vento. Quando essas correntes descem para o solo, se configuram os ciclones.
"Na primavera existe uma diferença grande de temperatura entre os ares dessas duas camadas. Os dias são geralmente mais quentes e as noites são mais frias. É desse contraste que se origina o granizo. Como ele é mais pesado, empurra o ar para baixo e causa os ventos, que podem chegar a altas velocidades", disse Luiz Augusto Toledo Machado.

Esses episódios configuram um perigo real para a população. Podem ocorrer destelhamentos de casas, além de queda de árvores e de fios de alta tensão, por exemplo. Há ainda a preocupação com deslizamentos de terra em áreas de risco. É na primavera que o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) emite 70% dos alertas.

"Tivemos recentes episódios desse tipo em Santa Catarina e em São Paulo. E a população tem que ter muita atenção quando ocorrem ventos muito fortes, pois a infraestrutura das cidades pode ser afetada, casas podem ser totalmente destruídas. Se um fio da rede elétrica se parte, pode atingir algum pedestre, causando até a morte. Há também o inconveniente do corte de energia", elencou Machado.

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