terça-feira, 10 de maio de 2016

Passagem de Mercúrio diante do Sol pode responder dúvidas

Reuters, via Exame
Irene Klotz
9 de maio de 2016

Minieclipse: durante sete horas e meia, Mercúrio, que viaja a uma velocidade de 48 quilômetros por segundo, cruzou a face do Sol/ Nasa
Cabo Canaveral - O pequeno Mercúrio, o planeta do sistema Solar mais próximo do Sol, passeou diante do astro rei nesta segunda-feira, uma dança celestial que acontece aproximadamente uma vez por década quando a Terra e seu vizinho menor se alinham no espaço.

A jornada, à qual os astrônomos se referem como um "trânsito", começou com o que pareceu um pequeno ponto negro na superfície do Sol às 8h12 (horário de Brasília), como mostraram imagens retransmitidas ao vivo pela Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa).

Durante as sete horas e meia seguintes, Mercúrio, que viaja a uma velocidade de 48 quilômetros por segundo, cruzou a face do Sol, um espetáculo visto pela última vez em 2006.

"É tudo uma questão de perspectiva", explicou o diretor de ciências planetárias da Nasa, Jim Green, durante um debate de uma comissão transmitido ao vivo pela Nasa TV.

A órbita de Mercúrio ao redor do Sol é mais inclinada do que a da Terra, por isso só raramente ele parece cruzar a estrela gigante em relação à linha de visão da Terra, disse.

Mercúrio e a Terra se alinham cerca de 13 vezes por século, o que dá aos astrônomos amadores e profissionais uma chance de observar Mercúrio enquanto ele trafega entre a Terra e o Sol.

O trânsito desta segunda-feira foi o primeiro desde a missão Messenger da Nasa a Mercúrio, que orbitou o planeta entre 2011 e 2015. A espaçonave enviou detalhes surpreendentes sobre a paisagem de Mercúrio, inesperadamente variada e repleta de crateras.

Embora as temperaturas na superfície de Mercúrio cheguem a 427 graus Celsius – quente o suficiente para derreter chumbo –, o planeta também tem crateras profundas onde o Sol nunca brilha. Estas fossas, onde as temperaturas rivalizam com os locais mais gelados do sistema Solar, contêm água congelada e materiais orgânicos.

Durante o trânsito desta segunda-feira, os astrônomos esperam ampliar as descobertas do Messenger aprendendo mais sobre os gases que se evaporam da superfície do planeta. A "perda de gás" pode ser um fator para explicar por que Mercúrio está encolhendo, afirmou Green.

Os cientistas também aproveitaram o trânsito para calibrar os sensores de um trio de telescópios Solares situados no espaço e refinar tecnologias de busca de planetas fora do sistema Solar.

Mercúrio irá passar entre a Terra e o Sol novamente em 2019, e depois disso só em 2032.

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